Amanheceu o dia, a faxineira entra no quarto e depara-se com a cena. Dr. Alberto é encontrado no quarto sobre a cama, seus olhos estão abertos e gélidos.
SOFIA : (Sai do quarto ofegante) Socorro! Dr. Alberto está morto!
DRA. NICOLE : O que está acontecendo? O que houve aqui?
SOFIA : Dr. Alberto está morto.
DRA. NICOLE : (Surpresa) Isso é impossível,eu o vi ontem mesmo.
SOFIA : Mas agora ele está morto!
DRA. NICOLE : Chamem a polícia agora! Imediatamente!
A polícia é chamada e o investigador entra em cena. Policiais estão por todo o lado e não deixam ninguém circular na área do crime.
DAVID : Preciso que ninguém entre ou saia desse hospital. Quero falar com todos os funcionários que estavam no plantão da noite, quero ouvir um a um. Chamem a perícia para saber do que realmente este homem morreu e por último, é claro, tragam um hambúrguer e um refrigerante.
A primeira testemunha é chamada.
DAVID : O que a senhora viu?
SOFIA : (Ainda visivelmente abalada) A mesma coisa que o senhor viu.
DAVID: E o que eu vi?
SOFIA : Ele estava lá e ao entrar no quarto era como se aqueles olhos gélidos e frios olhassem fixamente para mim.
DAVID : (Faz uma anotação em sua caderneta) Não viu ninguém sair do quarto antes da senhora? Tem certeza que era a única ali?
SOFIA : (Acena negativamente com a cabeça) Não, eu não vi ninguém, o corredor estava vazio.
DAVID : Está bem, a senhora pode ir. Obrigada!
Dra. Nicole entra.
DAVID : (Passa segundos de cabeça baixa lendo suas anotações e depois dirige seu olhar à Dra. Nicole) A senhora disse que o viu ontem...
DRA. NICOLE : (Fala com a voz meio estremecida) Sim, eu o vi. Era próximo a meia-noite...Nós trabalhamos sempre juntos, no mesmo plantão.
DAVID: E como ele estava? A senhora pode dizer?
DRA. NICOLE : (Fixa seu olhar em um lugar lembrando do que havia acontecido) Ele estava nervoso, como se estivesse preocupado com alguma coisa.
DAVID : A senhora sabe dizer por quê?
DRA. NICOLE : Não fazia semanas que nós não nos falávamos.
DAVID : Vocês não se falavam? Mesmo estando no mesmo plantão?
DRA. NICOLE : Só por questões profissionais porque... (Lágrimas desciam dos seus olhos) Nossa relação estava meio estremecida.
DAVID : (Surpreso) Por quê?
DRA. NICOLE : (Enxugando as lágrimas dos olhos) Bom, prefiro não comentar.São motivos pessoais.
O investigador fica sozinho por alguns instantes e faz conclusões consigo mesmo. Esta mulher deve ter algum problema. Qual será o motivo para essa relação estar estremecida? Que relação era essa? Será que já tenho meu primeiro suspeito?
Entra o próximo suspeito.
DAVID : Então, me diga tudo o que o senhor viu.
DR. FRED : ( Irritado) Não posso dizer nada, passei a noite inteira trabalhando.
DAVID : Calma Dr. Fred. Não sabia que o senhor iria ficar tão nervoso.
DR. FRED : (Ainda irritado) Não estou nervoso, estou apenas com um paciente, aliás, passei a noite toda com meus pacientes.
DAVID : Então, se o senhor não viu nada pode ir. Mas tem certeza que realmente não viu nada, não é?
DR. FRED : Não, eu já disse que não vi nada. Mas se lembrar de algo aviso ao senhor.(sai Dr. Fred)
Entra o próximo suspeito.
DAVID : A senhora viu alguma coisa de diferente ontem à noite?
LUÍZA : (pensa um pouco e responde) Não, não vi nada de estanho. Bem, sou enfermeira e sempre fico na área do Dr. Fred. Passamos a noite atendendo pacientes.Não vi nada. Nem mesmo sei como Dr. Alberto faleceu. (Olha para seu relógio de pulso) Investigador, o senhor pode me liberar agora? Porque o Dr. Fred pode estar necessitando da minha ajuda.
DAVID: Sim, já que a senhora não viu nada.Mas lembre-se, se souber de algo venha me contar.
LUÍZA: Esta bem. (Sai da sala)
Os dias se passaram, as investigações iam progredindo e apontando para um único suspeito, Dra. Nicole, que foi chamada para depor mais uma vez.
Delegacia
DAVID : Muito bem, Dra. Nicole, o que a senhora tem a me dizer sobre o crime?
DRA. NICOLE : Nada senhor, eu não sei de nada.
DAVID : (Insistindo para que Dra. Nicole confessasse) Eu sei que sabe de algo, ou vai dizer que não? Vocês tinham um caso não tinham? E ele a deixou.
DRA. NICOLE : (Visivelmente alterada) Sim , mas eu jamais faria isso com alguém, matar uma pessoa a sangue frio...Nunca!’
DAVID : Acalme-se senhora,controle-se por favor!
Segundo Ato
As ações da médica só comprovavam sua culpa, mas será mesmo ela a única culpada deste crime? Então, Nicole foi presa. Chegou o dia do julgamento e todos foram depor novamente desta vez intimados e com compromisso, pois o destino da “assassina” estava em jogo.
Entra a Juíza Flávia Nogueira. No Fórum, todos se levantaram.
JUÍZA : Está iniciada a sessão de julgamento e a possível condenação de Nicole Monteiro Cunha.
Nicole entra e senta no banco dos réus.
JUÍZA : Dona Nicole, jura falar somente a verdade e nada mais que a verdade?
DRA. NICOLE : Sim, senhora.
JUÍZA : O que fazia na noite do crime?
DRA. NICOLE : Falei com Alberto, fui lanchar e voltei à minha ala. Não matei ninguém!
JUÍZA : (Fala como se já estivesse condenando-a) Vocês já tiveram um romance, não foi?
DRA. NICOLE : Sim, tivemos e estávamos enfrentando uma pequena crise, mas não nos separamos, além disso já estávamos nos reconciliando...até que ele faleceu e estou aqui ( uma lágrima cai de seus olhos).
Todos foram ouvidos menos Sofia que parecia que não iria depor. Nicole sente a condenação, o investigador a revela suspeita. Então, a juíza levanta para dar a sentença, todos olham esperando o fim de Nicole.
JUÍZA : (Ergue os olhos e fala) Com base em tudo o que foi dito neste tribunal, declaro a senhora Nicole Monteiro Cunha culpada pelo assassinato de Alberto. Podem levá-la daqui.
“NÃO!”, um grito estrondoso surge no meio da sala da audiência. Era Sofia.
SOFIA : (Aos gritos revoltada) Esta mulher não fez nada,eu sei quem matou Dr. Alberto. Os assassinos foram Dr. Fred e Luíza, duas cobras asquerosas.
DR. FRED : (Surpreso e cínico) Eu?!
LUÍZA : (Gritando) Vá limpar o ralo do banheiro que é o melhor que faz faxineira.
SOFIA : (Batendo no próprio peito com orgulho) Faxineira ,sim! Com muito orgulho! Pelo menos eu nunca matei ninguém Luíza. Eu tenho provas para colocar vocês dois na cadeia. Juíza eu gostaria que todos ouvissem essa gravação que eu trouxe aqui comigo.
JUÍZA : Esta bem!
Gravação:
LUÍZA : (preocupada) O que faremos agora?
DR. FRED : Sinceramente, eu não sei minha cara. Ele está morto, o que temos de fazer agora é seguir em frente.
LUÍZA : (Com a voz alterada) Seguir em frente?! Ele está morto, estão todos investigando. Não há crime perfeito.
DR. FRED : Eu sei minha cara, mas em meu caso eu sempre encontro uma saída.
LUÍZA : Nós estamos encurralados, Fred. Aquele investigador foi bem claro, é lógico que ele está desconfiando de alguém.
DR. FRED : Não se preocupe, nós não deixamos pistas.
LUÍZA : (tempo) Bom, mas nada disso importa, porque não há mais ninguém para concorrer com você a direção deste hospital, não é?
DR. FRED : Com certeza, minha cara. Agora sem ameaças, poderei ser nomeado em breve, o novo diretor deste hospital!
JUÍZA : Então com essa prova de que os dois são os assassinos, estão presos e serão julgados.